CÁRMEN LÚCIA RECHAÇA INTERVENÇÃO MILITAR

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A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, rechaçou a ideia de que o fantasma da intervenção militar esteja à espreita diante de um Judiciário incapaz de lidar com a corrupção da classe política.

A ministra foi questionada ontem, no Festival Piauí GloboNews de Jornalismo, sobre a fala de Antonio Hamilton Mourão. Em setembro, o general da ativa no Exército apontou a tomada do poder como saída possível para a avalanche de denúncias que soterra Brasília, isso se o Judiciário “não solucionar o problema político”.

Em palestra promovida pela maçonaria em Brasília, Mourão disse que a causa não era só dele: tinha simpatia de “companheiros do Alto Comando do Exército”. A declaração sem dúvida “é grave”, ainda que exposta “teoricamente para um pequeno grupo”, disse a presidente do STF.

Mas, para Cármen Lúcia, o Judiciário está, sim, “cumprindo seu papel”. Fora que “não há justiça sem democracia, e o brasileiro não aguenta mais ser injustiçado”. Disse ver demonstração dessa sede democrática em todos os lugares que vai. O País, para ela, hoje vive “um momento de responsabilidade, serenidade e certeza”.

Se o Judiciário dá conta do recado, o que dizer do Executivo – estaria o governo Michel Temer respondendo “frouxamente” à prosa militarista de Mourão?

A ministra preferiu se esquivar da pergunta feita pela repórter da “Piauí” Consuelo Dieguez, que mediou o bate-papo. “Sou presidente [do STF], já tenho problemas de sobra para me meter [em outro Poder]”, disse em tom bem-humorado.

Não foi o único atalho diplomático que pegou para se desviar de indagações espinhosas sobre assuntos que fervem no noticiário nacional, das suspeitas sobre a negociação entre a Procuradoria-Geral da República com os delatores da JBS até o controverso afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo Supremo.