NÃO AGI COM CORAGEM, MAS POR MEDO DE DECEPCIONAR A PROCURADORIA, DIZ JANOT

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta terça-feira (5) que a abertura da investigação que pode levar à revisão do acordo de delação premiada da JBS foi um dos momentos mais difíceis de seu mandato à frente da PGR (Procuradoria Geral da República) e que não agiu com coragem, mas por medo de errar.

“Ouvi aqui dizer que agi com muita coragem. E ontem foi um dos dias mais tensos e um dos maiores desafios desse período. Alguém disse para mim: ‘Você realmente é um homem de muita coragem”. Aí parei pensei: ‘Será que sou cara de coragem mesmo?’ Cheguei à conclusão que eu não tenho coragem alguma. Na verdade, o que eu tenho é medo. E o medo nos faz alerta”, disse Janot em breve discurso durante sessão do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal).

“E medo de que? Medo de errar muito e medo de decepcionar minha instituição. Então todas as questões que enfrentei, enfrentei muito mais por medo. Medo de errar, medo de me omitir, medo de decepcionar minha instituição do que por coragem de enfrentar esses enormes desafios”, afirmou Janot.

Esta foi a última sessão do conselho com Janot à frente da PGR. Sua substituta, Raquel Dodge, toma posse dia 18. Janot, que assumiu o cargo em 2013, afirmou ter vivido “desafios quase sobre-humanos” durante seu mandato na PGR.

Janot afirmou ainda que a tomada de decisões é um momento “solitário” do cargo. “A responsabilidade da decisão do procurador-geral é só do procurador-geral”, disse.
“Quando o procurador-geral erra, ele errou só. Quando ela acerta, ele acerta com toda a sua equipe”, afirmou Janot.

Janot abre investigação sobre delação da JBS

Ontem, Janot informou que determinou a abertura de investigação para apurar a omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por três dos sete delatores da JBS após a descoberta de novas gravações.

A delação dos empresários foi fundamental na abertura de inquérito contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), por suspeitas de corrupção passiva e obstrução de Justiça.

O procurador-geral afirmou que uma das frentes vai investigar a participação de Marcelo Miller, ex-procurador da República e ex-braço direito do próprio Janot, nas negociações para fechar a delação. Ainda segundo Janot, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) foram citados nas conversas.

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